Carta VOLTA
originalmente publicado no site antipropaganda em 2005
(você é novo no Baralhinho do Momento? comece por aqui)
Mensagem: VOLTA!
Número: 12
Comentário:
A Carta VOLTA foi uma carta de certa forma despreza, por pura ignorância, como se ela não tivesse significados suficientemente aplicáveis, porque num primeiro momento, parece que quem precisa ler a carta já foi. Mas não é verdade, porque no Baralhinho do Momento VALE A CARTA, jogou tá valewndo. Não importa se a. pessoa, o animal, ou a pedra foram embora. A mensagem VOLTA tá valendo, tá no jogo. Assim, a Carta VOLTA definitivamente está dentro da categoria das cartas fundamentais e de larga aplicação no mundo, que em questão de volta, é líder absoluto. Tá muitas voltas na frente, com tanta volta diferente, que de repente a gente vai esquecer de uma, mas vamos arriscar, que a gente tá aqui pra isso. Solta o poema de instagram, aka qualquer bosta:
Voltar pra casa, acontece.
Voltar pra rua, quando anoitece.
Voltar pra ela, que ela merece.
Dar uma volta, antes que acabe.
Dar mais uma volta, antes que comece.
Revoltar, que ninguém esquece.
Voltar atrás, que vai machucar.
Voltar no meio, porque desistiu.
Voltar no erro, porque não resistiu.
Voltar pra contar, o que só você viu.
Voltar sozinho, porque simplesmente partiu.
E tem o não voltar, né, sumiu.
Vovô não voltou daquele tremelique.
Huguinho não voltou daquele ácido.
Enfim.
Tem coisa que não tem volta.
Exemplos Ilustrativos de Uso:
Mas pelo tanto que foi dito, no que diz respeito ao Baralhinho do Momento, a Carta VOLTA faz bonito em qualquer situação: Tua mãe entrou depressa no teu quarto porta aberta e viu você e seu amor de momento trabalhando aquela prancha movimento? VOLTA e fecha porta, mamãe. Da próxima vez bate palma, avisa., chama.
Faculdade distraído, baralho copag, suequinha de amigo e você baixa aquela sete cobiçada numa jogada totalmente equivocada? VOLTA e pede desculpa, que se fosse sueca de rua, tinha tomado tapa na cara. Faculdade tudo bem.
Teu pai trouxe um bumerangue importado da Austrália, um metro e meio de envergadura, dez folhas de manual, inclinação de 10 a 15 graus, tu sozinho no quintal, arremessa e vau vau vau vau vau, ele some reto longe, lá na casa do caralho? VOLTA pra casa pra explicar pro papai que o bumerangue não vai voltar mais. Não fez um milímetro de curva.
Na área dos relacionamentos, a Carta VOLTA também pula, brinca, agita, come doce, come torta e arrepia. Num primeiro momento parece que ela só tem utilidade no último encontro, aquele do desespero, VOLTA Mary!!!!! E dependendo da mágoa de Mary, Mary não volta nunca mais. Mas nem tudo é assim, caso perdido, coração partido. Você pode usar a carta VOLTA no começo da relação, de repente até antes do começo, naqueles momentos tensos de acertar o coração.
Você pessoa exigente, aceitou o convite daquele malemolente e partiu pro frente a frente e agora está só na análise. Nada de toque, só no papinho, cada detalhe é importante, quem sabe te surpreende? E surpreende, danadinho, combina melhor com as palavras do que com o rosto esburacado, concorda nos momentos quentes, discorda fazendo rir e você já admite que ele ganhou, eu quero, vem, pára de falar e me beija logo, porra. Mas aí ele se empolga num assunto forte de elétron antimatéria, ponto de vista, quem sou eu, quem é você que fudeu! Tu puxa a carta VOLTA pra ele na hora. Volta no tema, que ele já tinha chegado no ponto certo da conversa e agora está passando direto. E ele volta, claro, engasga, pede um limão e fica um tempo em silêncio. E tu dá uma chance pra ele, lógico, porque tu tem um bom coração.
No íntimo, por exemplo, a carta VOLTA ajuda e muito. Você com a sua nova parceria, mãozinha sapeca no peitinho inocente? VOLTA, não pode ainda. Tá muito saliente. Você volta, respeita a peita e o clima sobe rápido, a mão desce devagarzinho de novo, respiração gemido no ouvido, a roupa chega pro lado, no fininho e o dedinho ousado toca na área molhada?! VOLTA, mas vem!! Quando já tudo combinado, corpo pelado, bigode melado, ninguém mais assustado e tu vai trabalhar aquela língua universal, uma Carta VOLTA coordena. Porque às vezes você acerta o ponto, acerta o ritmo, mas erra na interpretação do feedback. E se a pessoa ainda for mais reservada, aquela que grita calada, complica legal. Porque você, na vontade de uma sensação melhor, muda o ponto, sai do ritmo, perde a força, acende a luz, abre a porta, estraga tudo e pra recuperar é uma outra foda. Nessa hora, uma Carta VOLTA resolvia. A carta FICA também ajudaria. A carta CALMA um ajuste fino seria.
Mas isso é lá no meio, papo de recheio. Vamos ilustrar a Carta VOLTA no seu momento mais verdadeiro, porque, de todos os encontros, você sempre se lembra do primeiro. O sotaque, a franja, os cabelos pretos, as risadas, o vestido, a meia-calça, o táxi, a mensagem, a dúvida, a resposta, o sonho e agora repetindo, o coração batendo forte, quase saindo, a hesitação, o silêncio, a despedida sem razão. “Mas mamãe, eles se amam!” é o grito na televisão. E quando você mete a mão na porta de saída, do seu bolso cai a carta VOLTA distraída e você volta de paixão, colando um beijo na boca tão forte, que a sorte, que há muito não sorria pra ti, agora dorme serena no teu colo e nela você faz um cafuné mansinho, lembrando de tudo novamente pela milésima vez.


Tem revira-volta? E vai-mas-volta, porra?
Já imagino o estrago causado pelo combo das cartas "Volta" + "Atura o Parabéns". Acho que vem daí a expressão "chamar na xinxa".